A importância do apoio à empregabilidade pós privação de liberdade

Ao longo dos anos, a literatura tem evidenciado que a empregabilidade é um dos maiores desafios na reintegração de pessoas que estiveram privadas de liberdade. A dificuldade torna-se ainda maior quando associada a problemas financeiros, discriminação e falta de recursos.

O acesso ao emprego está diretamente relacionado à redução da reincidência criminal, pois promove autoestima, sentimento de pertença e estabilidade. No entanto, o estigma por parte dos empregadores, os registos criminais e a falta de competências profissionais dificultam a obtenção de um trabalho digno e estável, mantendo muitos indivíduos que estiveram privados de liberdade num ciclo de exclusão e desmotivação.

A oferta de apoio contínuo – incluindo formação, programas de capacitação profissional e acompanhamento na procura de emprego – é essencial para preparar esses indivíduos para o mercado de trabalho. Iniciativas que promovem educação básica e profissionalizante (como carpintaria ou culinária) têm mostrado resultados positivos na ressocialização e na redução da reincidência.

Assim, intervenções que combatam a discriminação e promovam oportunidades reais de emprego são fundamentais para permitir que os indivíduos reconstruam as suas vidas, sustentem as suas famílias e participem plenamente na sociedade.

Deste modo, estes desafios e evidências fundamentam o trabalho desenvolvido pelas atividades da RESHAPE, que têm como principal objetivo promover a reinserção laboral e social de pessoas que estiveram privadas de liberdade. Reconhecendo a importância do emprego como fator de autonomia, dignidade e prevenção da reincidência, a RESHAPE tem implementado ações de formação profissional, apoio à empregabilidade e acompanhamento individualizado, contribuindo para a reconstrução de percursos de vida. Até ao momento, mais de 500 beneficiários foram apoiados neste processo, reforçando o compromisso do projeto com uma reintegração efetiva, inclusiva e sustentável. Atualmente contamos com dois gabinetes de apoio à empregabilidade, um em Lisboa e outro em Cascais, na Estação de Inovação Social na Parede.

Referências:

Mathlin, G., Freestone, M., & Jones, H. (2022). Factors associated with successful reintegration for male offenders: a systematic narrative review with implicit causal model. Journal of Experimental Criminology, 20(2), 541–580. https://doi.org/10.1007/s11292-022-09547-5

Oswald, R. J. (2025). The Role of Work Integration Social Enterprise in Overcoming Barriers to Sustained Employment and Desistance for Criminalized Individuals. The British Journal of Criminology. https://doi.org/10.1093/bjc/azaf051

Shoham, E., & Haviv, N. (2024). “There is More to It than Recidivism” – Outcome Scores among Released Prisoners who participated in Prison-Based “Employment World” Programmes. International Annals of Criminology, 62(1), 79–103. https://doi.org/10.1017/cri.2024.9

Trang, N. M., & Khoi, P. M. (2023). DIFFICULTIES IN REINTERGRATION OF YOUNG EX-OFFENDERS. International Journal of Education and Social Science Research, 06(04), 353–369. https://doi.org/10.37500/ijessr.2023.6425

CATARINA SOARES
Social Impact Project Manager