REFLEXÃO DO DIA MUNDIAL DA AJUDA HUMANITÁRIA

Escrito por: Margarida Brandão.
No dia 19 de agosto celebra-se o Dia Mundial da Ajuda Humanitária. Este dia homenageia aqueles que defendem causas humanitárias e se põem ao serviço dos outros, na maior parte das vezes em cenários de guerra.
O Conselho Europeu esclarece que a ajuda humanitária é o “apoio material e logístico às pessoas afetadas por catástrofes naturais ou de origem humana” (1), no entanto a definição de humanitário é mais abrangente e define-o como alguém que procura o bem geral da humanidade ou quem procura aliviar o sofrimento do outro, alguém que contribui para melhorar a situação da humanidade, ou seja, do ser humano.
Numa reflexão sobre este dia e sobre aquilo que a RESHAPE faz enquanto organização, faz sentido questionar-nos sobre o que este dia significa para nós voluntários.
A questão que se faz em relação ao que é ou faz um humanitário é: estes englobam os voluntários?
Um voluntário é alguém que dentro do contexto de uma organização ou de forma organizada, disponibiliza o seu tempo para ajudar o outro sem qualquer tipo de pagamento associado, relação familiar ou obrigação. Alguém que de livre vontade faz o bem, ou procura fazer o bem a quem necessite dele, normalmente é mais falado na altura das épocas festivas e associado a organizações de combate à fome ou pobreza. No entanto, normalmente o trabalho voluntário é mantido todo o ano, por pessoas que decidem dedicar uma parte da sua vida às causas sociais para além da sua atividade principal. Normalmente é praticado por jovens que procuram experiências diferentes e buscam fazer do mundo um lugar melhor, atiram-se de corpo e alma às iniciativas em que acreditam, sem precisar de retorno. (2)
O seu foco de atuação é mais local, em zonas do seu local de residência que necessitem dessa intervenção, atuam nas causas sociais, causas da sua própria sociedade. O tipo de intervenção que é feito depende das necessidades que existem, nem sempre é feita diretamente com pessoas com necessidade, muitas vezes pode ser feito através de ações de sensibilização ou eventos, como acontece com alguns voluntários da RESHAPE.
Com uma missão não tão distante de um voluntário, estão os humanitários. Como definido em cima, são aqueles que procuram melhorar a situação da humanidade, nomeadamente em situações de crise humanitária, ou seja, em zonas onde existe uma maior necessidade de intervenção. Um humanitário atua no exterior em zonas com cenários muitas vezes de guerra, catástrofe ou fome, com o objetivo de prestar todo o tipo de ajuda (até a monetária) a pessoas que o necessitem, muitos deles sem data de retorno, fazendo disso o seu objetivo de vida e por vezes, arriscando a sua vida.
Podemos afirmar, no entanto que um humanitário não tem de ser necessariamente um voluntário, pode ser alguém que tem interesse nas causas humanitárias ou sociais e que contribua nelas de alguma forma, neste sentido aqueles que fundam uma organização, ou aqueles que contribuem de outras formas, não estando necessariamente no terreno, por exemplo através de doações ou embaixadores de uma certa organização que necessite de visibilidade, também podem ser considerados humanitários.
Uma das grandes diferenças entre um humanitário e um voluntário, é a questão monetária associada, ou seja, a utilização de dinheiro de acordo com o ambiente onde é praticado. Normalmente o lugar onde essa ajuda é praticada influencia também a utilização desse apoio.
Existem mais coisas que nos unem, do que aquelas que nos separam. O sentimento de querer ajudar a que não exista uma grande desigualdade entre as pessoas no mundo, que não haja uma disparidade de necessidades entre os países e que principalmente todos sejamos tratados como seres humanos, como somos, com direito à liberdade, à vida, à proteção social, à escolha e à igualdade. (3)
Quando existe uma sobreposição de princípios entre os dois, somos iguais, não existem distinções de quem engloba o quê, somos um só.
Nós, voluntários da RESHAPE, fazemos de tudo para que a nossa mensagem seja transmitida a quem possa transformá-la em realidade. Somos diferentes voluntários com diferentes tarefas, mas todos com o mesmo objetivo.
REFERÊNCIAS
(1) https://eurocid.mne.gov.pt/eventos/dia-mundial-da-ajuda-humanitaria
(2) W. Joshua, M. Blythe & H. John. (2015). A review of informal volunteerism in emergencies and disasters: Definition, opportunities and challenges. Elsevier: International Journal of Disaster Risk Reduction. 13. 358-68. doi: https://doi.org/10.1016/j.ijdrr.2015.07.010
(3) https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos
Fotografia via Dreamstime.

Margarida Brandão
Licenciada em Antropologia
com uma pós-graduação em Criminologia e Reinserção Social.
Voluntária na Reshape.
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