OBRIGADO – A HUMILDADE É UM CAMINHO PARA A DIGNIDADE

“Leiam. Escrevam, Desabafem. Sigam as regras dentro do E.P., mesmo quando são injustas ou difíceis. E façam-no de cabeça levantada mas sem revolta, porque a humildade também é um caminho para a dignidade.”

Voluntários APAC; Programa APAC; Programa RHI; Relações Humanas Improváveis; Todo o Homem é maior que o seu erro

Voluntários Programa RHI. Texto escrito para o booklet de graduação entregue aos participantes do programa RHI 2018/2019

A todos,

Pensem numa nota de vinte euros que encontraram no meio do chão. O que quer que tenha acontecido a essa nota, a maior parte das pessoas permanecerá interessada nela porque, apesar do seu aspeto, não perde valor. Limpa ou suja, amarrotada ou não, valerá sempre vinte euros.

Acontece muitas vezes, na vida pessoal e profissional, sermos amarrotados, humilhados e conspurcados, seja por decisões que tomámos ou por circunstâncias que não dependem da nossa vontade. Quando tal sucede, sentimo-nos profundamente desvalorizados. Sentimo-nos insignificantes. Mas, aconteça o que acontecer, e seja qual for a forma como nos sentimos, nunca perderemos objetivamente o nosso valor nem a nossa dignidade. Quer estejamos sujos ou limpos, diminuídos ou inteiros, nada nos pode roubar o que verdadeiramente somos.

É que o valor das nossas vidas não reside no que fazemos ou sabemos, mas no que somos. E todos somos especiais, porque irrepetíveis: só temos esta vida para viver.

E – não se esqueçam – não é por estarem aqui que estão escondidos do mundo. Vão voltar a ele, mais tarde ou mais cedo. E não existe nenhum refúgio onde nos possamos esconder de nós mesmos. Somos a única pessoa que nos fará companhia mesmo quando não queremos essa companhia. Por isso, sejam sempre honestos quando se confrontarem convosco mesmos.

Foi isso que tentámos ajudar-vos a fazer – aprender a partilhar os vossos medos, desejos, segredos, mágoas. É que só quando partilhamos as coisas é que nos libertamos delas.

Reconheçam que não são nem o gigante dos vossos sonhos, nem o anão dos vossos medos. São homens falíveis e calejados, mas valiosos, e nós agradecemos-vos também por isso.

Com toda a bagagem que trazem – erros cometidos e lições aprendidas, histórias de alegria e mágoas guardadas bem fundo – cada um de vós, com os vossos percursos e personalidades, fez deste um grupo especial.

Quisemos que este fosse um espaço de partilha profunda, de consciência e de recomeço. Sabemos o quão difícil é confiarem em alguém no ambiente em que estão. Mas juntos, fomos crescendo e fomos aprendendo a confiar uns nos outros.

Ficamos muito gratos por essa confiança.

Agora, acreditem em vós como nós acreditamos. Perdoem-se pelos erros cometidos e agarrem-se à vontade de serem Homens melhores, Pais melhores, Filhos melhores, Amigos melhores, Cidadãos melhores. Já sabem que têm dentro de vós a capacidade de fazer o melhor e o pior – façam, agora, o vosso próprio caminho. E comecem a treinar para ele já hoje. Nunca duvidem da vossa vontade nem questionem a vossa decisão de escolher uma vida sem crime. Façam desse o vosso farol.

E quando o caminho for difícil, quando surgir a dúvida, quando a tentação de desistir ou facilitar for grande, parem – e se não for pedir muito, lembrem-se de nós.

Leiam. Escrevam, Desabafem. Sigam as regras dentro do E.P., mesmo quando são injustas ou difíceis. E façam-no de cabeça levantada mas sem revolta, porque a humildade também é um caminho para a dignidade.

Para nós foi um privilégio acompanhar-vos ao longo deste ano. Sem termos a pretensão de imaginar o que cada um de vós passa diariamente, queremos acreditar que vos ajudámos a viver melhor a vossa realidade presente e a construir um caminho de futuro mais sólido.

Da mesma forma de que todos vós, cada um à sua maneira, com o seu sentido de humor, sorriso, silêncio, partilha ou atitude, nos tocou e nos ensinou alguma coisa que valeu a pena.

Obrigado!

Carlota L., Maria João F., Manuel F., Maria João A. e Zé Maria T.


“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”
Antoine de Saint-Exupéry