APAC PORTUGAL PELOS MEUS OLHOS… UM PROJETO PARA A SOCIEDADE ABRAÇAR!

Artigo escrito por: João Almeida Gouveia

Ter dado o meu SIM a este projeto, assenta no desejo de ajudar a mobilizar a sociedade portuguesa a chegar aos mais desfavorecidos da sociedade, aqueles que estão mais esquecidos, longe dos olhares de quem passeia pelas ruas da cidade e que com o tempo tendem a ser esquecidos até pela sua família e até pelos mais próximos… são aqueles que à luz da população em geral merecem o castigo que estão a ter e ainda por cima custam muito dinheiro ao Estado!… Enfim são os presos ou reclusos!

Contudo, como refere Mário Ottoboni nas suas sábias e apaixonantes palavras “Ninguém é irrecuperável!” ou ainda “Todo o Homem é maior que o seu erro”!… Estas palavras têm a força de quem há cerca de 44 anos construiu a primeira casa APAC no Brasil e desde então o projeto não mais parou de crescer, possibilitando recuperar milhares de pessoas… pois numa APAC “entra o homem, o crime fica lá fora”, levando a uma menor reincidência e, logo, também a um menor custo para o Estado!

Não obstante alguns desenvolvimentos e melhorias registados no sistema prisional Português, como o comprovam as constantes noticias de problemas nas prisões que nos assolam quase todas as semanas na televisão, está na altura de a sociedade portuguesa dar as mãos e conjuntamente e em articulação total com os vários agentes do sistema prisional abraçar projetos como a APAC Portugal… que visam transformar as prisões num espaço de recuperação de homens e mulheres, através do desenvolvimento da sua formação e humanização em todas as dimensões da vida!… Com benefícios futuros para toda a sociedade, saem homens e mulheres com capacidade para trabalhar, que dificilmente voltarão a cometer crimes, que ainda podem contribuir muito para o desenvolvimento da nossa sociedade! Estamos a falar de cerca de 13 mil reclusos, ou seja, de uma força que se pode transformar num catalisador da economia portuguesa. Os reclusos são um tesouro escondido, são como “as ondas da Nazaré que antes de Mcnamara ninguém as conhecia, mas sempre estiveram ali” como refere o Engº. Fernando Santo.

5 de Agosto de 2015. Escritura da APAC Portugal.

Recordo-me como se fosse ontem que foi num tórrido dia de agosto de 2015 que realizámos a escritura de constituição da APAC Portugal. Esse dia foi memorável uma vez que estávamos cheios de sonhos e projetos. Depois, surgiram as dificuldades e temos encontrado muitas “pedras pelo caminho”, contudo para mim é muito gratificante ver como a APAC Portugal tem crescido! Como superou dificuldades e continua a superar no dia a dia! Como conta hoje com mais de 30 voluntários e apoia entre 80 a 100 reclusos por ano através de programas sobre diferentes dimensões da metodologia (ex: trabalho, valorização humana)!

É motivador ver como a sociedade portuguesa tem estado, paulatinamente, a aderir ao projeto… o envolvimento, a participação e o impacto nos media que teve o evento Prison Insights realizado em 20 de setembro de 2018 é a prova disso! Bem como o privilégio da APAC contar com um parceiro estratégico como a Morais Leitão

2018 foi também um ano em que a vertente de comunicação da APAC cresceu muito, com destaque para o elevado número de publicações no seu website e facebook, e isso deve-se sobretudo à Maria João Azeredo, a nossa Coordenadora de Comunicação! Hoje a APAC já tem escritório na Casa do Impacto, já tem uma pessoa contratada e tem aumentado significativamente o seu orçamento através da confiança que nos têm dado os associados e parceiros!

Integrei a direção da APAC Portugal desde a sua constituição e tem sido uma experiência muito rica e um gosto enorme trabalhar com o Duarte Fonseca e a Teresa Cardoso e poder dar o meu contributo, que não tem sido no terreno (por questões de disponibilidade e com pena!), mas de apoio para criar as condições para a APAC Portugal poder estar cada vez mais no terreno e se desenvolver!
Ainda há um longo caminho a fazer, pois como diz o poeta o “caminho faz-se caminhando”, mas todos precisamos de ser responsáveis pelo sistema prisional! Precisamos de todos, dos agentes do sistema prisional e dos restantes cidadãos, que cada um dê um pequeno passo, para a sociedade portuguesa se mobilizar e levar à implementação de mudanças do sistema prisional que transformem a vida dos reclusos, que levem à sua efetiva reinserção e deste modo a uma sociedade mais justa e coesa!